
Tenho preparado muitos cursos que tratam da formação de professores/as que pesquisam a própria prática e, invariavelmente, tomo como referência a tese da Tamara Abrão Pina Lopretti, defendida em 2013, na UNICAMP.
É uma das teses mais lindas e inspiradoras que já li, não só pela delicadeza do registro da pesquisa, mas pela temática tão bem explicitada no título: “E os saberes das crianças ensinam à professora: contribuições para o desenvolvimento pessoal e profissional docente”. Tamara se pergunta: As crianças ensinam à professora? O que elas acreditam ensinar à professora no contexto educativo da sala de aula? O que a professora acredita aprender nesse contexto? Que saberes as crianças mobilizam e produzem que potencializam o processo reflexivo docente acerca do seu desenvolvimento pessoal e profissional?
Participando da banca e lendo a tese eu aprendi muitas coisas sobre a especificidade do movimento de produção dos saberes docentes que se dá no intenso diálogo/confronto com os saberes discentes. Dos muitos enunciados das crianças contando para Tamara o que eles achavam que ensinavam à professora, destaco um dos meus preferidos:
Por exemplo, professora, alguns professores, eles só querem… Por exemplo, você tem que fazer isso, isso e isso, e não tem tempo pra nada. Terminou uma lição, tem que fazer outra, mas eu acho que a gente te ensinou nisso: quando acabava uma lição, no começo, já ia pra outra rápido, mas aí você foi mudando e não ficava falando mais “Acaba uma lição, vai pra outra rápido”. A gente podia pegar um livro pra ler, conversar, fazer com calma e depois ir pra um outra lição… Você não falava “Mais rápido, rápido”, você espera todos acabarem e só depois que todo mundo acabou, passa outra lição. (Renan)
Vale ler e aprender com a Tamara e suas crianças consultando o texto completo: